Match

Sexta-feira, o dia mais esperado. Dia da cerveja, quem sabe uma noitada. Hora de abrir o aplicativo de namoro e buscar o match - parece que agora dá pra dar match e sair no mesmo dia, não é mais tabu - e a noite não tem hora pra acabar. Tudo que o jovem adulto quer, é ter mais uma experiência. Mais uma distância da realidade opressora de sua rotina. Mas na sexta não, a regra é clara: começou o final de semana, descanso e farra. Enche meu copo e esvazia meu bolso... pode esvaziar, ou paga no crédito. Eu só preciso de mais uma noite bem aproveitada. Ih... o contatinho no celular resolveu sair comigo hoje, então deixa esse match pra amanhã. Será que no domingo eu consigo mais um match? Ah, mas domingo é bom pra ver um Netflix. É isso! Domingo eu fico em casa... opa, ai vai ter aquele almoço família com a tia chata e a prima que não para de jogar seu sucesso na minha cara. Vou sair! Partiu Maracanã? Vou até sozinho...


Outra coisa que eu não posso esquecer é de registrar cada momento nos stories. Vou mostrar pra todos o quanto eu estou bem, o quanto eu sou divertido, o quanto eu sou legal fora daquele escritório. Pareço até um blogueirinho... faço meu final de semana parecer com o de todo mundo.

Agora que isso foi dito, bateu um arrependimento. Não estou fazendo nada de errado, mas será que estou mesmo vivendo? Toda minha vida, o meu dinheiro; só servem pra eu pagar bebidas e a conta do motel. O que eu tenho feito em família? Poderia dar mais uma atenção a eles. Moramos juntos mas quase não fazemos nada um com o outro. Minha vida não é tão ruim assim, mas foi como eu disse: eu apenas sou como todo mundo!

Qual é a versão de mim que mais parece ser eu? O do Instagram que é saradão e baladeiro? O do Facebook que é politizado? O do Twitter que é engraçadão? Eu sei que todos são eu. Mas tudo é vazio, me sinto sozinho - caramba! Foi por isso que eu dei um match!

- Vinícius de Souza

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